Eu lembro-me da rádio, desde sempre.
A lembrança mais remota talvez se situe no dia em que era suposto tirar fotografias com a turma, por alturas da 1ª classe. Bichinho do mato como sempre fui, intimidavam-me os holofotes da situação e lembro-me de ter feito beicinho e de não ter querido tirar as benditas fotografias. Na imagem que guardei lá estou eu, de kispo verde, com cara de choro, a um canto, metido comigo.
Lembro-me, e isso a fotografia não podia mostrar, que depois do fotógrafo ter saído, eu no recreio recompus-me, juntei numa roda os meus amigos, e ali no jardim da escola “A Minha Escola”, em Paço de Arcos, contei uma peripécia qualquer que tinha ouvido no rádio, de manhã, no programa que a minha mãe ouvia sempre. Esse programa era o mítico “Despertar”, com a dupla António Sala/Olga Cardoso; mas também com o reforço artístico de um técnico cujo nome nunca esqueci: Armando Rodrigues (conheceria o filho na rádio muitos anos mais tarde). Ele injectava na emissão uma série de clips muito engraçados, pontuando o que ia sendo dito pelos locutores e aquilo para mim era fascinante. Nessas rodas de putos de 1ª classe eu contava aquilo com um entusiasmo infantil e puro, mas acho que a malta de juntava mais pelo encanto do meu entusiasmo a contar aquilo do que por outra coisa.
Alguns anos mais tarde, teria eu à volta de 10 ou 11, tinha o hábito de gravar num gravador daqueles que também usava para “meter” os jogos do Spectrum, pequenos “programas de rádio”. Anunciava músicas, cantava-as, dizia as notícias que tinha ouvido no rádio de manhã, e claro, o prazer supremo: fazia relatos dos jogos de futebol, que eu próprio jogava, num campo tipo subuteo, que eu tinha lá em casa e que se chamava Futegolo. Eu antecipava as jornadas do fim de semana, fazia o relato enquanto jogava (com uns bonecos que às tantas só tinham uma perna, e mesmo assim marcavam grandes golos com a bola - que era um berlinde).
Depois pegava nuns blocos A5, onde escrevia a crónica do jogo e apreciação às exibições individuais dos jogadores. Ainda hoje guardo alguns desses blocos A5 de capa laranja.
Anos mais tarde, no Liceu, chegava afogueado a casa para ouvir, religiosamente à uma na Comercial, o programa “Discoteca”, de Adelino Gonçalves. Quando podia também ouvia, de manhã, depois do Despertar; mudando da Renasceça para a Comercial, o “TNT – todos no Top” -(patrocínio do Champoo Timotei – nunca mais me esqueci), que mais tarde deu em “Cantante.”
Mas de manhã era sempre “O despertar”, que eu considerarei sempre um extraordinário e pioneiro Programa da Manhã, mesmo que a música fosse foleira e o discurso muito datado, visto daqui.
Eu ficava encantado com coisas do tipo: o programa era até ás 9:30 numa frequência e daí ás 10 noutra. E eu todas as manhãs ia atrás do “Despertar”, mudando de frequência mas não de programa, às tais 9:30.
Mas acho que o que me bateu mesmo foi ter ouvido um dia na Renascença um locutor dizer isto (lembro-me palavra por palavra) : “A Cor do Som, programinha de Rui Pêgo com assistência de realização de Luis António Vitta e operações de emissão de Augusto Lira”. Aquilo era absolutamente maravilhoso. Arrojado na forma, no discurso e no conteúdo; e deu-me a volta á cabeça. Acho que foi aí que eu decidi que quando fosse grande queria trabalhar na Rádio.
Quando apareceu a RFM foi uma pedrada no charco de que me recordo bem. Aquilo era incrivelmente inovador, o Top 25, “O estaminé do Ritmo” de Luis Loureiro (patrocínio dos productos Roc :-) ), mais tarde aquilo a que eles chamavam Fórmulas 1, 2 ou 3...consoante os horários. Foi nesta fase, das Fórmulas, que me chateei com a RFM e descobri o manancial de oportunidades de descoberta que pairavam, sintilantes e prometedoras, no éter, naquela altura prodigiosa.
TSF, Correio da Manhã Rádio, Radio Miramar, RCL, Radio Gest, Rádio Marginal, Rádio Mais, Rádio Cidade. Havia vida, para além do óbvio.
Fiquei louco, Passava o dia a ouvir rádio, a ouvir tantas rádios. Enchia cassetes Sonovox ou BASF com canções, mas sobretudo jingles que eu caçava dedicadamente, um dedo no play ou no pause, outro no rec, e depois ouvia, deliciado. Ainda hoje tenho algumas dessas cassetes também.
Quando acabei o Liceu, é evidente que me atirei para Comunicação Social, escolhendo não colocar nenhuma outra opção no formulário de candidatura, porque para mim era óbvio que aquele era o único caminho. Claro que não entrei.
Não sabendo o que fazer á vida, desatei a enviar CV’s (uma folha A4 com nome, morada, nº de telefone, habilitações literárias e uma assinatura ilegível). Enviei para todas as rádios. Houve uma que respondeu.
Passaram-se muitos meses e um dia, em Dezembro de 1989 o telefone tocou, em casa dos meus pais. Sete e tal da noite. Era uma senhora (de que me tornaria muito amigo anos mais tarde, a Cinda), a dizer as palavras mágicas: “Boa noite, fala do Correio da Manhã Rádio.” A rádio que eu mais ouvia. A rádio que me tinha comovido como nunca, com a excelência de um especial sobre os anos 80, chamado “os oitos e os oitenta”...
Não sei descrever a alegria que senti. Lembro-me que chorei. A ideia era ir fazer uns testes. Se estiver interessado, dizia ela. Se eu estava interessado???
Já era Janeiro de 1990, primeiros dias, quando chegou o momento. Não dormi nada na noite anterior, de manhã vesti um fato do meu pai, saquei-lhe uma gravata horrorosa, apanhei o comboio em Santo Amaro, depois o 15 no Cais do Sodré, e saí nas Amoreiras. Torre 3 , 7º andar, sala 703. Que estúdios fantásticos. Que mundo!
Quem me fez a entrevista foi o Mário Fernando (hoje cordenador do desporto da TSF), conheci também nesse dia duas pessoas de quem sou amigo até hoje: o Nuno Infante do Carmo e o Miguel Cruz.
Li umas notícias, li uns textos em inglês, fiz uma triagem entre um monte de telexes que me deram para pôr por ordem de relevância informativa; e foi tudo. E uns dias mais tarde ligou-me de novo a senhora. Para eu ir lá, que queriam falar comigo. Propuseram-me fazer noticiários de madrugada, horário 23-06. Ordenado: 58.800$00.
Era, evidentemente, o melhor trabalho do mundo. O meu primeiro dia de trabalho na rádio foi 1 de Fevereiro de 1990; e por essa oportunidade estou eternamente agradecido a Deus.
Daí para cá cresci muito e aprendo todos os dias um pouco mais sobre esta profissão que, não há outra palavra, amo.
Aquele instante em que estamos com o microfone ligado e a comunicar com o ouvinte é absolutamente mágico e é a melhor e mais inexplicável sensação que há, porque não há palavras suficientemente definitivas e claras para a definir.
É isso o bichinho da rádio, de que as pessoas falam? Será. Nasceu comigo, e é parte importante do que sou.
Hoje, quando vinha a ouvir a Foxx no carro e a pensar: gostava que fosse possível esta estação ganhar vida com locutores. E que bom seria conseguir concretizar todas as ideias que tenho para a minha Rádio Comercial.
E foi na sequência destes pensamentos que dei comigo a sorrir e a recordar tudo o que aqui contei. Cheguei a casa, desliguei o rádio e antes de sair do carro o que eu pensei foi:
Este é o melhor trabalho do mundo, claro que é. Que privilégio poder ter esta profissão. E quando se tem esta paixão, este amor à rádio, sabe-se que ele está sempre cá, e vai connosco seja para onde for que a vida nos leve.
Sempre no ar, sempre consigo.
52 Comments:
Dizem que o sonho comanda a vida... para mim, aqueles que conseguem fazer aquilo de que gostam são uns sortudos...
Um texto sentido. Está bastante bom, sim senhor. :-)
Adorei o texto! Cada palavra soube a sentimento...
Gostava só de dizer basta ouvir os seus programas para se perceber o quanto ama a sua profissão. Continue sempre assim! E parabéns pelo regresso à Comercial (apesar dos fiéis do RCP, como os meus pais, irem sentir a sua falta!)
Beijos
meu caro Pedro os meus parabens, finalmente a radio comercial vai voltar a ser o que era, tb eu espero a oportunidade que um dia te bateu á porta.Força.
Se há pessoa que mereceu tudo isso, foste tu.
Parabéns por seres o melhor profissional (pelo menos) da tua geração. Espero que te dêem as condições para fazeres a 'tua' rádio Comercial. Que será, certamente, também a nossa (dos que te seguem, seja em que rádio for).
Parabéns e nunca deixes de ser assim.
Que texto visivel. Que bom que é ver e sentir o amor d'alguem que fala da sua paixão (uma de muitas) e que ve os seus sonhos concretizados (dia-a-dia), com esforço, dedicação, persistência... a mesma que coloco desde sempre, e que nunca abandono de um dia poder "escrever" um texto como o teu (as cassetes de que falas ainda hoje rolam no leitor)!
Bem haja! Continua a dar-lhe... sempre com força!
Uma das minhas referências em rádio... para mim um dos melhores comunicadores, alguém que tem muito para nos ensinar. Sem dúvida, um esforço reconhecido! Muitos parabéns e continuação do bom trabalho! Compreendo tão bem essa paixão pela rádio... percebo tão bem o que é estar em casa ou no carro a ouvir esta estação e aquela e a outra, à espera de ouvir o animador, a cantarolar os jingles e a publicidade, a magicar ideias luminosas para a emissão... rádio é assim: amor para toda a vida!
Meu querido Pedro:
Desculpa a intimidade deste querido, mas uma pessoa que nos emociona da forma como acabaste de fazer neste texto, merece esse tratamento porque é assim que te sinto neste momento. Um querido no sentido da emoção, a mesma que tu tens pela rádio e que consegues transmitir a quem te ouve.
Não podias mesmo ser outra coisa e ainda bem que o conseguiste ser. Como disse o Nuno Markl, se há pessoa que merece chegar onde estás a chegar agora, és tu. Tu que fazes rádio para pessoas e não para targets, que sabes que a rádio é muito mais do que músida, publicidade e shares. Que metes nos teus ouvintes o bichinho de ouvir rádio (porque esse também existe). O bichinho de correr atrás de ti, De te querer ouvir, de saber o que andas a fazer, de se emocionar com tudo o que fazes na rádio que acabamos sempre por amar e querer ouvir mais e mais. Espero que consigas voltar a dar uma identidade à rádio comercial. Sinto que isso é complicado depois dela ter perdido toda a sua alma, mas também sei que, se alguém o consegue fazer esse alguém és tu. Por isso estás no sitio certo a fazer a coisa certa. A Foxx, infelizmente não conheço. Aqui neste sítio insular a Comercial só se ouve online (que será como a vou ouvir) e a Foxx, até ver, não se ouve. Mas estarei o mais atenta possível. Agora à espera. A ver o que isso vai dar. A acreditar.
Obrigada por todo esse amor, por nos colocares um sorriso no rosto todas as manhãs, sorriso esse que, acredito, vá aumentar contigo desse lado do meu rádio (no caso, computador) e eu deste a ouvir-te atentamente.
É tão bom fazermos aquilo que gostamos e ainda nos pagarem para isso... há poucas pessoas assim, mas tu és do melhor que a rádio tem e mereces mesmo isso :)
Tb eu comecei a ouvir rádio (que me lembre) com o António Sala e a Olga Cardoso e acho que foi aí que comecei a gostar dos programas da manhã com muito mais conversa que música.
Ah! E há um outro programa épico que me recordo e que não mencionaste no teu texto que era companhia obrigatória à hora de almoço, numa altura em que a TV ainda estava "fechada" a essa hora e que continuou durante alguns anos: Os Parodiantes de Lisboa na antiga Rádio Comercial
E ha tempos tb encontrei uma velhinha cassete com os programas de rádio que eu gravava com a minha irmã, mas ela é que costumava ser a locutora, eu sempre fui mais "assistente técnico" e continuei, embora tenha mudado para a televisão. LOL
Quem fez rádio, quem consumiu rádio durante anos a fio, de manhã, de tarde, à noite, de madrugada, só pode acreditar que este texto foi escrito direitinho para nós.
E é esse mesmo bichinho de fazer rádio, de ouvir rádio, de respirar rádio, que te faz o comunicador que és. Isso tudo somado a um profissionalismo do catano só pode trazer coisas boas para os projectos em que te dás a cara, a voz e a alma!
Muito boa sorte, Pedro Ribeiro. Não tenho a miníma dúvida que, se te derem a liberdade e as condições que precisas, teremos em breve a Comercial (de novo) como a maior referência da rádio em Portugal. Até que enfim!
:' ) :)
Maria
Que grande texto, só mesmo tendo uma paizão enorme por aquilo que se faz é que se pode escrever assim, muitos parabéns!!!
Grande texto!!!km eu me identifico nas tuas palavras. Tenho 15 anos e se há coisa que nao dispenso é a minha radio. Talvez um dia possa ter a mesma sorte de escrever um texto km o teu - em que relembrarei o tempo em k nas aulas chegava a estar com os auscultadores nos ouvidos só para ouvir as vozes k marcaram, em k chegava à escola e k comentava com os meus colegas o programa de ontem a tarde....enfim!E tu Pedro acho que constaras nesse texto como minha referencia no mundo da radio. Parabens, espero k faças um bom trabalho na Comercial!!!
Pedro, honestamente acho que a primeira de todas as tuas qualidade é seres uma pessoa genuína, sem artíficios, de bem com a vida, seguro do que faz.
Talvez por esse motivo o teu trabalho diga tanto às pessoas, e seja tão bom ouvir-te todas as manhãs. Noutras horas do dia poderei ouvir rádio. De manhã ouço o Pedro Ribeiro. Desde os tempos do Correio da Manhã Rádio que é assim. A "tua" Rádio Comercial vai de certeza ser uma coisa muito digna, muito competente, muito autêntica.
Infelizmente, na maior parte das vezes as oportunidades não vão para as pessoas de mais valor. Desta vez não tenho dúvidas que a oportunidade foi dada a quem tem unhas para a agarrar.
A partir de dia 14, lá vou eu mudar as sintonias aos rádios. E excusado será dizer que te desejo a maior das sortes.
Vai correr bem. Tu és muito bom naquilo que fazes. Beijos!
Pedro
Não é comum cruzar-mo-nos com alguém que faz o que sempre desejou, e com o amor que agora desmonstraste. E com o profissionalismo e competencia, que não passa despercebida, mesmo aos menos atentos.
A concorrencia, tem agora motivos para se preocupar. O que ainda os deve sossegar, é saberem que há alguem que ainda manda mais (infelizmente) que tu, e pode, como já fez há um par de anos, sabotar o teu desempenho.
Muitas felicidades.
fiquei contente (e absolutamente nada surpreendido) com o teu regresso à Comercial; contente porque defendo a máxima do "a césar o que é de césar", ou seja - e com tradução livre - deixem gerir a programação da rádio por quem sabe o que significa estar sentado com o rabo num estúdio horas a fio!! (e que demonstre inteligência e sentido de perspectiva - que é o teu caso).
temos aproximadamente a mesma idade, semelhante paixão pela rádio, e por isso revi-me plenamente no que escreveste; a descoberta da rádio, o meu primeiro dia, vivi na primeira pessoa todos esses momentos e sentimentos; não teria escrito melhor.
boa sorte para o teu novo desafio!
p.e.
Kilos e Kilos de Boa Sorte!!! De certeza que vais fazer da Comercial uma rádio bem melhor...
Ps: Psd: PP: Não atropeles muitos consultores pelo caminho... ou melhor... passa-lhes bem por cima... se forem os mesmos que retiraram daí o "trio canídeo" há uns anitos a trás...
1 abraço!
A César o que é de César. Tu mereces Pedro.
É giro como há histórias que correm lado a lado. Como anos antes (e de certeza anos depois) há quem passe pelas mesmas coisas que nós passámos.
Lembro-me de estar no recreio a contar estórias mirabolantes a ouvintes atentos. Lembro-me do TNT, lembro-me do Carlos Ribeiro na Comercial, ouvia religiosamente o Top 25 da RFM (continuo a achar que faz falta cá no burgo uma boa rádio Top40). Depois com as rádios piratas a vontade de passar para o lado de lá cresceu. Ainda hoje guardo religiosamente 2 cassetes com os últimos dias da rádio que mudou a minha vida (rádio 98).
O Spectrum para nós foi sem duvida a melhor invenção da altura. Para além de jogarmos computador, o gravador de K7 dava um jeitão para os nossos programas de rádio. Comecei a utilizar a aparelhagem da sala para gravar. O do Spectrum servia para lançar os Jingles e os blocos de publicidade (gravados directamente da rádio Energia ou da Super FM). O micro era ligado directamente à aparelhagem e naquele verão de 2ª a 6ª eu estava no ar das 15h às 18h.
Agora, já do lado de cá, o amor continua a crescer, como tu próprio dizes. Somos sem dúvida bafejados pela sorte por fazermos todos os dias aquilo que gostamos.
P.S: Em relação à Foxx concordo contigo (já o tinha dito no teu post sobre a Foxx). Para este teu novo passo em frente na carreira só espero o melhor. Boa Sorte.
Estou certo de que tudo correrá pelo melhor. Os meus parabéns e boa sorte.
Boa jogada, meu caro! Mais uma das belas escolhas! :) Eu cá por mim só pedia coerência, eu só pedia aquele moço que conheci bem, de olhar e voz revoltados, num jantar com não mais de 2 anos, que com a sua força motivou os que já de si se sentiam motivados a continuar uma luta. E depois esse mesmo moço uniu-se ao inimigo. E pronto. Outros olhos melhores que os meus podem ver muita coisa. Eu vejo isto. O "meu" Pedro Ribeiro morreu. No seu lugar nasceu outro e esse eu não conheço, nem me parece que queira ter o prazer de conhecer. A minha sintonia continua no que se mantem igual a si próprio, o Nuno, esse ENORME senhor. A este Pedro desejo todo o sucesso que ele sonhou. Seja lá qual for a maneira com que ele o atingiu. É uma escolha que se faz.
Seguindo na onda do Tim que é um rapaz que diz coisas acertadas:
O que foi não volta a ser
Trago um buraco no futuro
Traz presentes fugidios
E memórias de navios
E traz tanta confiança
Que se é sempre criança
Mesmo quando não se quer
O que foi não volta a ser
O que foi não volta a ser
Mesmo que muito se queira
E querer muito é poder
O que foi não volta a ser
Pode vir algo melhor
Embora sempre pareça
Que o pior está por vir
Nunca se deve esquecer
Não há volta
Sem partir
O que foi não volta a ser
QJ? Eu até compreendo a revolta que possas sentir, mas é fácil falarmos quando não é nada connosco, não é? O Pedro é, e sempre foi, um excelente profissional, foi injustamente tratado, e escolheu um caminho para a sua vida profissional. Eu, que gosto tanto de o ouvir, só tenho que o respeitar, em vez de colocar em causa os seus motivos ou as suas escolhas. Era só o que faltava.
"Esse mesmo moço uniu-se ao inimigo."
Em que mundo?
"O "meu" Pedro Ribeiro morreu. No seu lugar nasceu outro e esse eu não conheço, nem me parece que queira ter o prazer de conhecer."
É uma opção sua, mas claramente conhece mal o "seu" Pedro Ribeiro.
"A este Pedro desejo todo o sucesso que ele sonhou. Seja lá qual for a maneira com que ele o atingiu."
A maneira foi profissionalismo, dedicação e competência.
Leia a opinião do Nuno Markl, o tal que se manteve sempre igual, para ver o quanto está errada.
Mas a opção de acreditar no que prefere acreditar é toda sua e aposto como o Pedro a vai respeitar!
Defensor dos injustiçados, caro Nelson? Quando ele o era até eu o defendi com unhas e dentes. Não a partir do momento em que ele abandonou o barco, mas ficou na mesma frota. Às ordens do capitão contra o qual sempre tinha dado indícios de se querer amotinar. Acabando com o programa que dizia amar. Deixando órfãos quem nunca o abandonou. Em troca de quê?
Claro que li o comentário do Nuno. O Nuno é muito melhor pessoa do que eu e é incapaz de não se sentir feliz por aqueles de que gosta.
Que o Pedro é profissional e competente não tenho qualquer dúvida. Qualidades raras e a valorizar hoje em dia. Mas dedicação? Aos ouvintes? Talvez se não interferir muito com o caminho do sucesso. Se calhar sou exigente demais, mas a ilusão que o Pedro me tinha criado era diferente.
E caminhos? Há muitos, não é?
I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I— I took the one less traveled by,
And that has made all the difference
Lamento mas continuo a discordar. É muito fácil falar de fora, de onde não há contas para pagar, bocas para alimentar...
Ah a comida e tal... devem ter sido tempos de muita fome os da Best, devem, devem :P
O que vale é que por cada QJ e bitter_sweet (serão eles uma e a mesma pessoa? - fica a dúvida)há 100 pessoas que percebem que se o Ribeiro decidiu o que decidiu é porque, como todos nós, ambicionou uma carreira melhor.
Se isso é crime, então todos somos/fomos criminiosos. Ou será que o/a QJ e o/a bitter_sweet nunca evoluiram em termos de trabalho? Será que a dedicação aos ouvintes tem de ser incompatível?
Enfim. Força Pedro. Boa sorte para este novo projecto.
E alguém falou em crime? Ou desilusão é sinónimo de crime?
O que me parece é que já não se pode ter uma opinião diferente da maioria e expressá-la. E que quem critica a presunção presumindo perde a credibilidade.
Não vou dizer que não fiquei desiludida quando o Pedro se tornou o responsável pela separação da melhor equipa de rádio de sempre, porque fiquei. Achei que teria de ter havido um outro caminho, achei que o Pedro deveria ter esperado pacientemente enquanto o Tojal o colocava numa rádio onde ele não merecia estar. Uma rádio onde aquela equipa não merecia estar. uma rádio só para alguns e com muita fraca qualidade. Estando de fora e podendo ouvi-lo é muito fácil pensar que o
Ribeiro deveria ter esperado pacientemente por uma reviravolta. Quem sabe se, se ele tivesse esperado pacientemente na Best Rock, dia 14 não teríamos o regresso da equipa toda à comercial. Fica essa dúvida.
Mas, mesmo tendo ficado desiludida, tendo-me sentido traída (porque me esforcei tanto por algo em que acreditava) não posso deixar de aceitar e compreender as razões que terão levado o Pedro a optar como optou. Todos nós ambicionamos mais, todos nós queremos o melhor para nós e que nos permita dar à nossa família o melhor. É ambição, claro que é, e ainda bem que o Pedro a tem. É pena as coisas terem sido como foram, mas, QJ, tenta meter-te no lugar do Pedro. Tenta pensar em ti como um excelente profissional de rádio a ser "castrado" e remetido para uma rádio onde muito poucos te ouviam, e a, de repente, ter a oportunidade de voltar a ser ouvido por todos os teus antigos ouvintes? Acredito que tenha sido uma decisão muito difícil para o Pedro. Acredito tambémq ue ele já pensou vezes sem conta se terá sido acertada, e acredito que, em certos momento, se tenha arrependido. Mas o Pedro é humano, tem direito a errar, tem direito a optar, tem direito a almejar mais para ele mesmo.
Custa-me, claro que me custa, pensar que, se ele tivesse optado de outra forma, talvez hoje tivessemos de novo o nosso programa preferido na nossa rádio. E achas que ao Pedro não custa? Também deve custar. Os motivos, as motivações e as razões só ele as saberá a 100%. Mas uma coisa tenho a certeza, não foi por falta de respeito aos ouvintes que ele optou como optou, nem por falta de amizade ao Nuno e à Maria. Foi como foi. Está feito. Não vale a pena pensar o que teria sido. Agora resta-nos sorrir para o que poderá ainda ser. O "teu" Pedro, QJ, não morreu. Basta-te tentar não olhares só para a mágoa que ele te provocou e tentares pensar na mágoa que esse Pedro sentiu ao ter de optar como optou.
olha, li por alto o que escreveram aqui e fico triste...
espero que tu não fiques, pois ninguém melhor que tu sabe o que é melhor para ti.
sei que foste o primeiro a sair do programa da manhã, e embora tenha ficado triste porque para mim foi e sempre será (até mudarem isso) o melhor programa da manhã da rádio, nunca, mas nunca mesmo achei que fosses o 'responsável' pelo lado negativo.
que mania das pessoas acharem que lá por serem figuras públicas elas nos devem alguma coisa... são como nós, e merecem o melhor para eles...
desculpa Pedro, mas irrita-me estas coisas.
ia começar por dizer que adorei cada palavra que escreveste. adorei conhecer um pouco mais da tua história na rádio, e adorei saber que estás a fazer aquilo que gostas, pois cada vez é mais difícil alguém fazer o que gosta.
resta-me dizer-te que te irei acompanhar, como sempre.. ando a seguir-te.
espero que o meu marido e a tua mulher não se chateiem ;)
um beijo e muita merda.
"já não se pode ter uma opinião diferente da maioria e expressá-la. E que quem critica a presunção presumindo perde a credibilidade."
Já quem critica baseado em ideias pré-fabricadas está à vontade, certo? Se há alguém aqui que entrou em presunções disto e daquilo foi precisamente você, QJ...
Quanto à credibilidade, a minha não me preocupa por ali além, já a do Ribeiro não precisa do aval de ninguém para continuar enviolada!
Obrigado pelas palavras sinceras e bonitas, Sara. Como já tinha dito e fica aqui confirmado, há pessoas muito melhores do que eu. E ainda bem.
Já agora que tenho a fama vou presumir mais um pouco dizendo que, se calhar, o Nelson apresenta alguns problemas de interpretação de textos e que talvez devesse seguir os exemplos de tolerância das pessoas que admira.
A cada um são apresentados caminhos diferentes. Se são para melhorarmos como pessoas, como profissionais, por que não segui-los?
Acredito que tenham havido decisões que já tenham magoado muitos ouvintes, colegas e amigos. Mas eles têm de tentar entender as razões. Se eles tivessem ficado na Best Rock, será que não se teriam perdido? Tinham os três estagnado, a vida deles tinha ficado na mesma. Talvez nem alguns projectos nem se tivessem realizado. Ou acham que se eles tivessem continuado com o Cão, hoje haveria Há vida em Markl?
A vida tem momentos de decisão que só a cada um dizem respeito.
P - Gostei muito do que escreveste. è por isto que que leio o teu blog. Faz-me sentir perto de ti. As coisas que escreves são sentidas e isso nota-se.
Boa sorte para ti! Do lado de fora do Rádio tens alguém a torcer para que tudo corra bem contigo!
Presunção e água benta, caro/a QJ, cada um toma a que quer.
E o caro Nelson toma a sua quota parte... E esquece-se que não há opiniões certas ou erradas, apenas opiniões. Com as quais se pode ou não concordar, mas que se devem respeitar. A sua vocação de missionário pode ser louvável, mas não faz de si senhor da razão e da verdade. É apenas um opinador, como todos os outros. Nem mais nem menos. Igual na sua diferença. E a diferença tem todo o direito de existir, e com plena igualdade de direitos. A liberdade de cada um acaba quando começa a interferir na liberdade de outros. E acho que já interferiu o suficiente na minha.
Estava completamente de acordo com o seu texto, cara QJ, até ao último ponto. O papel de vitima fica-lhe muito mal.
Mas concordo com o geral, o que já não é mau de todo. Um bom resto de semana para si, então!
Guerras pessoais?
Qual é o prémio final?
Cada um tem os seus "tesouros da alma" e é por esse valor que avalia o outro, sente desta forma ou daquela, sem que uma seja mais certa que a outra, creio.
O blogo é do Pedro, ele diz e os "opinion makers" completam; nem sempre aplausos, nem sempre pauladas.
Há uma ideia unanime: ele é muito bom e merece estar onde chegou. Como foi feito o percurso, quais a perdas e ganhos?
Há quem o siga incondicionalmente, há quem queira acreditar que terá o mesmo Pedro de antes... para mim o vaso quebrado mesmo colado não voltará ser o mesmo.
Posso sentir assim?
Um bom resto de semana para si também, bitter_sweet!
Boa noite, amigo Nelson. E Boas Festas também.
Em resposta ao Nelson, o auto-proclamado guardião do blog, devo dizer-lhe que o que parece é que ele concorda com quase tudo o que eu disse, mas só se for aplicado aos outros, ou se os outros tiverem a mesma opinião que ele. Senão teria que colocar em prática aquilo com que diz concordar e, por exemplo, não sentir necessidade de ter sempre a última palavra. Tenha, então, uma boa tarde e até mais logo.
"Auto-proclamado guardião do blog"? Só se for nas suas sempre tão agradáveis palavras, que me escuso a comentar.
"Parece é que ele concorda com quase tudo o que eu disse"
Parece-lhe mal, parece-lhe mal!
E se quiser, pode ter a última palavra à vontade.
Boa tarde, boa noite, boas festas...
Mais uma vez, caro Nelson, lhe digo, leia com atenção os textos antes de disparar em todas as direcções. Foi o próprio Nelson quem disse que concordava com quase tudo o que eu tinha afirmado no post anterior. A impulsividade tende a toldar os argumentos, especialmente se estes, já de si, forem débeis. E, pode crer que não é com tantos desejos fictícios que me despacha.
Chiça! Mas estes dois caramelos não têm vida própria?
Portanto o conceito de ironia também parece que lhe passa completamente ao lado...curioso!
Quanto ao anónimo...quem é um tipo que nem nome tem para falar de vida própria?
Para isso era preciso que tivesse sido irónico... Por agora apenas tem sido inconveniente. Talvez evolua...
Bom, isto está um bocado aceso.... E eu que vim aqui parar já tarde vou mesmo c... na discussão. Nem sei nem me interessa quem saiu primeiro de onde e porquê. A vida é assim.
Gostei de ler o teu texto, Pedro, porque às vezes sei bem do que estás a falar. Eu estagiei na rádio e cheguei a cometer a loucura de fazer madrugadas na rádio paris-lisboa em dia de exames da faculdade!!!! Fui substituir uma rapariga que tinha exames... só que ela era... da minha turma, logo... estás a ver, não é? Não interessa. Passei e curti a antena.
Estagiei na TSF e no final daqueles cinco meses foi um chorar baba e ranho porque tive de ir embora. Eu e todos os outros que lá estavam. Imagina o que é uma miúda de 19 anos que nunca tinha entrado numa redacção cair assim naquela TSF de 1995, a fervilhar de gente boa, de ideias, de democracia!!!! Apesar dos maus salários....
Trouxe comigo um «cartucho» que ainda tenho lá em casa. A minha voz apareceu um dia em 89.5 a fazer uma pergunta a um bombeiro (não dava mesmo para cortar, porque estagiário não podia ir à antena). Foi o delírio!
Aprendi a cortar sons em fita e tudo!!!! Eh, eh, eh....
Também conheci a «tua» Comercial. Cheguei a fazer uns biscates para um programa chamado Forum Ambiente, com o Nuno Infante do Carmo.
Isto tudo para dizer que ver assim alguém tão contente com o que faz é maravilhoso. Porque como diz o filósofo: Se fizeres aquilo que gostas nunca terás de trabalhar.
Vou dar um maravilhoso passo evolutivo agora mesmo...deixando de lhe dar atenção e voltando a desejar-lhe a si, e a todos, um óptimo fim de semana. E 2ª feira, já teremos o nosso Pedro, de volta às manhãs da Comercial. Boa sorte!
Ora, que bom! É sempre maravilhoso ver alguém evoluir! Já não era sem tempo! E já que assim é, desejo-lhe, também, a si e aos demais, um bom fim de semana e um óptimo reencontro com o vosso Pedro!
Ah! Já me esquecia, caro Nelson! Um beijinho de parabéns ao rebento!
É, não é? Muito obrigado pelos parabéns, a festa de aniversário foi óptima. E o reencontro com o "nosso" Pedro vai ser o esperado, porque há coisas que nunca mudam...
E há coisas que nunca mais voltam a ser iguais... O sentir depende das pessoas, como as opiniões. Mas divirtam-se. Eu fico-me pelo Nuno e fico-me bem!
Pedro
Não costumo ouvira a Radio Comercial. Sou ouvinte fiel da Antena 3 mas houve épocas em que fazia Zapping com a tua RC. Acho que vou voltar a fazer. Quer te dizer que te desejo o melhor do mundo porque tu mereces. Sou tua fã e o teu texto mostra bem que nunca me enganei. Cheguei a dizer que na Antena 3 faltavas tu, agora acho que ainda bem que não mudaste porque vamos ter uma grande rádio. PArabens e Obrigada pela paixão com que fazes a tua profissão
Li e chorei. Pois é... As saudades da Rádio fazem destas coisas. O tal bichinho existe e faz questão de acompanhar os que já passaram por esta experiência única, que é "fazer" Rádio. Os meus parabéns a dobrar. Ao Pedro Ribeiro e o Diogo Beja. Ainda bem que estão de volta!
Clara Lopes.
Olá Pedro Ribeiro!
Comecei a conhecer-te e a ver no CC, depois, através do dvd do:"Homem Que Mordeu O Cão", e depois do programa:"Conversas Ribeirinhas", e agora ouvia-te no RCP. O ser humano anda nesta vida, sempre à procura da Felicidade e de se sentir bem consigo próprio e como o que gosta de fazer.
Desejo-te Boa Sorte!
Até um dia!
Um forte abraço.
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