Dasse!

O meu filho está com uma bronquiolite. Desde as 2 da tarde (e são quase dez da noite), o Gonçalo esteve com a mãe no Hospital Amadora-Sintra. Entre mudanças de turno, esquecimentos dos médicos; que só ao fim de 6 horas se lembraram que "se calhar é melhor fazer um raio x" e o total desprezo pela condição das pessoas, doentes e acompanhantes, a verdade é que ele, que tem 18 meses, está a esta hora em pior estado do que foi: a mesma respiração congestionada, febre, e 8 horas praticamente sem comer. Não admira que de vez em quando aconteçam fatalidades. É que a regra geral é, infelizmente, os hospitais quase que abandonarem os doentes à sua sorte, num desprezo inaceitável e irresponsável, muitas vezes revestido de uma insultuosa soberba, naquilo a que eu chamo o exercício mesquinho do pequeno poder, infelizmente tão português. Sendo que o poder aqui é o de obrigar as pessoas a uma espera, penosa, desconfortavel, de horas e horas de inércia. Numa lógica de "quanto maior a seca, melhor", que nem o facto de estarmos a lidar com crianças atenua.
Um comportamento sádico que não é só pessoal (de funcionários, enfermeiros ou médicos)...é da própria máquina bafienta que é este hospital, que para mal dos nossos pecados, é aquele onde a pediatra do meu filho trabalha. Nunca mais. Os hospitais têm falta de condições? Toda a gente trabalha demais? Ok, mas isso não pode ser desculpa para se tratar as pessoas assim. Eu, que pago os meus impostos escrupulosamente exijo ao menos uma coisa: respeito. Se já não fôr por mim, que seja ao menos respeito pela condição de uma criança de 18 meses e da mãe, obrigados a ficar de castigo 8 horas naquele maldito hospital para depois voltarem a casa simplesmente mais cansados, saturados e possivelmente com novos vírus que não tinham, mas que ao fim de tanto tempo de convívio involuntário podem muito bem vir, com eles, neste momento, a caminho de casa. Que merda de país.