segunda-feira, abril 17, 2006

Pouquíssimas vezes um livro mexeu tanto comigo. De tal maneira que a sua leitura, tão absorvente da minha atenção total, se tornou por vezes dolorosa. “Mulher em Branco” é um romance extraordinário. Já tinha gostado do livro anterior, mas desta vez Rodrigo Guedes de Carvalho supera-se e conta uma história desta vida de uma forma, eu diria, perfeita, se é que isso existe. Tocou-me, para começar, a ideia do desaparecimento de um filho. Como no filme “Alice”, a noção de que aquilo só por acaso é ficção, porque aquilo acontece todos os dias, algures, perto e longe dos nossos dias. (Deus nos livre)
E acho que quem tem filhos vai entender aquele drama da mesma maneira. É que uma coisa é uma noticia num telejornal, mesmo com nomes, mesmo com imagens. Outra é se é com um filho nosso. Dois segundos, só demora dois segundos. E dura o resto da vida, a dor. Nem quero imaginar, nem quero pensar. Horrível.
Está tudo ali, nas páginas em que ficamos a saber do drama da Laura e do Paulo. Um dos.
Há também o desmoronar de um casamento, os vários cambiantes sentimentais de uma separação, o retrato crú de todas as traições, o peso de todas as culpas, a verdade da vida sem truques, nem efeitos especiais.Adorei o livro, porque a sua leitura me deixou marcas emocionais sérias. Acho que é o grande elogio que se pode fazer a um escritor, e aqui posso fazê-lo pois foi isso mesmo que senti: este livro tocou-me a alma. Mesmo.

9 Comments:

At 2:35 da tarde, Blogger Tino_de_Rans said...

Há muito que n leio nada que n tenha a ver com humor, e agora que acabei de ler o livro do RAP com os textos da Visão, vou-me aventurar nesse, seguir a tua sugestão. O tema parece ser bastante interessante.
E o alinhamento do 80 à hora? Este fim de semana houve? N pude ouvir, mas sa cof cof co cof todas as músicas da net pra aumentar a colecção :)


Portal Pimba

 
At 3:57 da tarde, Blogger Aragana said...

Gosto de livros assim. Há muito que nenhum me faz isso e me prende a leitura.
Obrigado pela sugestão num post tão sentido e que mostra a emoção com que o livro o tocou.
Vou adquirir por certo.

 
At 10:19 da tarde, Blogger AR said...

Ainda não li nada do autor e há muito que tenho curiosidade. Talvez comece por aí...

 
At 10:55 da tarde, Blogger andré said...

Recomendo o livro Freakonomics. Leiam, é uma forma de perceber economia com uma grande dose de humor.

 
At 5:12 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Tenho um livro do Rodrigo G. de Carvalho para ler desde o Natal. Nao lhe consigo pegar, porque sou um bocado arisca a romances escritos por jornalistas. Agora com este post fiquei com curiosidade.

 
At 10:13 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Já tou a ler, já tinha lido o Casa quieta e comprei logo este tambem....

 
At 8:39 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Tão bom encontrar pessoas que se deixam tocar pelos mesmos sentimentos que eu. Obrigado!
Tenho lido todos os livros (ainda são poucos...mas bons) deste autor e sou fã. Escreve exactamente como eu gosto, intimista, profundo, tocante e tudo isto sem ser chato ou "corriqueiro".
Clara Cabacinha

 
At 7:49 da tarde, Blogger João Teago Figueiredo said...

É muito complicado explicar por que razão gosto da escrita densa do Rodrigo G. Carvalho. A narrativa é viscosa, encorpada e apaixonadamente dedicada à tentativa de encontrar o lugar exacto de todas as palavras, numa paciência de artesão. Bem sei que é lugar comum dizer que este estilo de escrita é discípula do mestre Lobo Antunes, mas por isso não deixa de ser uma verdade absolutamente insofismável, aliás assumida pelo próprio Rodrigo. E isso, na minha hierarquia de genialidade literária, é um elogio à escala gigante.
Por tudo isto e por muito mais que ficou aqui por expressar, tenho que encher a língua de sinceridade e dizer que esta "mulher em branco" é o melhor livro que já li. E já li muitos de vários autores. Apesar de para muita gente isto parecer uma opinião descabida. Paciência, as opiniões foram criadas para serem livremente expressadas.

 
At 1:07 da manhã, Blogger Estranha pessoa esta said...

Num qualquer entardever Voltaire disse:
"A alma é uma fogueira que convém alimentar, e que se apaga dado que não se aumente."

Alimentar seja por visões, cheiros, sensações, conversas, observações, sentimentos, sons, letras...
E estas letras, e em especial este livro é um bom alimento.

 

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