terça-feira, outubro 26, 2004


Rui Unas, em grande, em "Os Imortais"

É já lendário o atraso com que vejo os filmes que vão sendo feitos. Porque não tenho tempo para ir ao cinema, normalmente, vejo os filmes que me interessam em DVD, umas semanas, quando não uns meses, depois da estreia. Foi o que aconteceu com "Os Imortais", de António Pedro Vasconcelos. Vi ontem e gostei muito. A temática da Guerra Colonial sempre me interessou, e depois o filme dá-me a oportunidade de ver em acção duas pessoas que muito admiro. Uma é o extraordínário Nicolau Breyner, que eu adorei entrevistar num programa que tive em tempos na Nostalgia. Um senhor, que neste filme enche o écran com o talento da sua representação, feita de uma autenticidade que lhe vem de dentro, profunda e nobre, e à qual junta maneirismos muito seus que emprestam ainda mais densidade à personagem e que ainda mais aproximam o espectador daquele inspector quase reformado. Brilhante.
Depois o filme deu-me a oportunidade de conhecer o Rui Unas, actor. E que actor. Ninguém diria que foi o seu primeiro trabalho no cinema. Pode dizer-se que aquele "boneco" é muito o que ele faz no "Cabert da Coxa", mas se isso é verdade, não o é menos a conclusão de que ele faz aquilo de uma forma brilhante. A cena da Igreja e a cena final do filme, no cemitério, mostram, a meu ver, todo o imenso talento de Rui Unas, actor. E fico a pensar como será quando o Rui deixar que o seu enorme talento de comunicador e actor ultrapasse as barreiras que, até agora, ele próprio se tem imposto. Se ele é assim com 31 anos, como será...daqui a dez?
Se ele quiser, pode ser o que ele quiser. É uma das conclusões que retiro de um filme muito interessante, onde por vezes se nota a escassez de meios, mas onde se conta, bem, uma história e o espectador está suspenso do desenlace dessa história, até ao fim.
António Pedro de Vasconcelos, que também admiro e que também tive a sorte de entrevistar nesse programa da Nostalgia, está de parabéns.
Palavra de um mero cinéfilo de trazer por casa, mas que gostamesmo de se emocionar com um filme. Sobretudo com um filme, que, como diz o seu realizador...é justo com a vida.